Confira a história na íntegra
ou acompanhe pela ACC&C.

#Sol na Cara

#Sol na Cara
Além da relação, de sol/luz, esperança de mudança, apesar de ir contra a convenção, deixando o suor escorrer, sem se cansar!

Seguidores

2leep.com

8.06.2012

Eu não sei como ele espirra ou como ele coça a barba quando está crescendo. Eu não sei qual é o cheiro de suas têmporas, nem em quantos segundos ele vira um copo com água. Eu não sei se ele pàra na metade para respirar. E se pàra na metade, se coloca o copo de volta na pia. E, se coloca o copo na pia, se me comeria ali mesmo, antes do segundo gole, se por acaso eu me enfiasse entre ele e a pia, entre ele e o copo, entre ele e a sede, entre ele e a fome. São coisas que e nunca soubera a seu respeito. Mas, todos os dias, ele é comido pelo meu desejo. Não um desejo de joelhos, pulsos e cotovelos. Um desejo encefálico que se transfigura em fálico. E a sua inteligência que eu tenho vontade de chupar para dentro da minha. O que eu sei a seu respeito é só um pedaço de ombro, braço, rosto e pescoço assim, de relance. E é esse pedaço que eu desejo e estou indo encontrar.
Nessa poltrona que eu olho os meus olhos não encostam, eles atravessam o tecido, sem rasgar ou ferir. Eles atravessam o céu sem perfurar estrelas fincadas. Deve ser nesse momento, quando o nosso olhar se perde, que enxergamos a morte. A morte o tempo todo nos rondando, uma fera que se alimenta dos restos dos segundos que largamos atrás, para que assim ela aceite não nos matar. É a vida quem alimenta a morte até o segundo insustentável. Eu não sei em quantos segundos a morte vira um copo com água ou se ela me comeria ali mesmo em orgasmos agudos que me doem por dentro da vida. Eu não sei. Eu não sei quando eu olhar nos olhos dele. E quando eu tirar a sua roupa, o seu medo, beijar a sua boca, a morte nos rondando, engolindo os nossos segundos e arrotando todo esse tempo que estivemos longe. E quando eu puxá-lo para perto e guardá-lo com força e tocar a sua língua com a minha, como, como é que vai ser? Será que o Cristo vai tapar os ouvidos?
Categories:

0 críticas:

Postar um comentário