Você passou por mim desvencilhando o peso do seu brinquedo, que segurava dentro do casaco grande demais para alguém com tanta fome. Você me viu montar na bicicleta e descer em seguida, empurrando ela para o meio fio. Ordenou que eu entregasse a magrela e eu disse que não. Você tirou a rosa para fora do peito e segurou-a entre as mão e abriu os olhos, na esperança de que fosse de verdade. Mas era. E disparou uma porção de poeira e dor. A última vez que o vi ele estava de vermelho. Mexi no meu cabelo. Tentei dizer pra eu ir embora, e disse já vou. Eu disse que eu parecia uma criança e sorriu de leve. Eu suspirei, como um idiota. Sorri. Depois o meu nariz ardeu. E os olhos também. Mexi no meu cabelo. Peguei na minha mão. Eu não me mexia. Apaguei o cigarro, dei-me um beijo na testa, subi a rua e fui embora. Empurrei a bicicleta até em casa. Foi o fim mais silencioso da minha vida. Nem eu fiquei sabendo.
7.16.2012
Postado por Unknown
segunda-feira, julho 16, 2012
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Categories: Escritos
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