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#Sol na Cara

#Sol na Cara
Além da relação, de sol/luz, esperança de mudança, apesar de ir contra a convenção, deixando o suor escorrer, sem se cansar!

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9.25.2012

Os dias já estavam contados. Os pombos já se cansavam das espiações momentâneas. A chuva lavou um bocado. Já se passara muito, em tão pouco, que as mesmices dos meus gestos esgotaram. Só restara uma lembrança fatídiga; o último pedaço de mim, o último pedaço de osso que eu insistia em roer na mais dura eternidade. A cidade tão formosa já se habitava em mim, porém me olhava sem querer dizer que aquilo não era pra mim, ao menos não naquele momento, ao menos enquanto a meninice em mim não entrasse pra se lavar deixando os brinquedos jogados no quintal. A minha menina não me atendia. Fiquei preso naquela lamúria me fazendo prisioneiro e cárcere de um bar que me felicitava bebidas. Os vizinhos mangavam de mim, ao remoer sentimentos rebuscados emitidos pela estrondosa campainha, tão barulhenta que até os pombos estremeciam em seus Âmagos, mas que ela parecia desconhecer, um sentimento tão kármico, que aparentemente não renascera. Eles me exilaram na minha cidade, convictos de que algo se revolucionaria nas visitas amuais, esporádicas, de supetão, porém sempre pontuais. Já não havia mais nada. No sétimo dia, eles esqueceram. E fui descansar.

Voltei para o meu sofá, no qual fui informado sobre a minha mãe, ela estava internada e eu deveria ser o carrasco que lhe traria vida. Arrumei a malas e planejei a viagem de volta, que não se prolongou. Despedi dos meus anfitriões e como um pombo-correio atravessei as serras. Acordei em uma cidade que desconhecia, já não se habitavam memórias daquele lugar. Relutante, desci do ônibus e peguei um táxi. As ruas esburacadas foi o remédio para a minha lucidez. Olhei no retrovisor e disse o meu endereço em voz alta. Nem havia escutado o motorista -"Pra onde?" Afinal de contas, estamos sempre indo para casa.

O gato me esperava no portão aberto. Ele e eu nos mirávamos como se não houvesse mais nada nesse mundo. O que deixei no alto da serra era outra vida. Um sonho dentro de um sonho. Pois é, era disso que se fazia a minha rotina, de fiapos assim, como o gato e eu ao encontro um do outro. A partir disso se organizava o meu dia-a-dia, e dessas coisas mínimas ia talvez se formando a nota para uma bela história.
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