Eu juro; estes malditos pombos passam os dias a conspirar. O assunto preferido provavelmente é em quem eles vão cagar hoje. E eles conspiram tão silenciosamente que fere os ouvidos; só emitem algumas onomatopéias ocasionais para nos lembrar: "Ei, estamos aqui. Tenha medo". Mas ninguém tem medo de pombos. Acho.
Aperto os olhos antes de colocar os óculos, massageio o braço no local onde as dores emergem. Permaneço deitado, me mechendo variavelmente, esperando o despertador que não toca. A viagem foi cansativa, as lembranças das recentes desevnturas latejam ameaçadoramente na minha cabeça. Penso se teria algum conforto se não tivesse perdido o travesseiro. Li em algum lugar que quando temos momentos traumáticos, jogar tetris nos impede de ficar relembrando tais acontecimentos. Não que me perder com o meu peso em bagagem tenha sido traumático, apenas fatigante. Mas acontece que não tenho tetris, ironicamente trouxe pouco de mim apesar de parecer um burro de carga na Antônio Carlos.
Me sirvo de um copo de café, o ar da manhã é tão puro. A tarde está tão fria. Talvez seja melhor eu me deitar um pouquinho.
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