O último curumim

Alô, alô, marciano...

Muito prazer. Eu sou o último remanescente da espécie de visionários de peito pelado do atlântico sul.Vim para contar uma antiga lenda sobre o céu e a terra de um tempo em que a paz reinava em plenitude. - Se você quiser se juntar ao grupo para compartilhar conosco, sem cerimônia adentre-se à roda porque o sarau está prestes a começar.
Como eu ia começando a dizer, eu sou o derradeiro representante de uma espécie já extinta que teve como última missão a de contar a verdade sobre o homem para a humanidade, mesmo com a resistência que representa a sua vã filosofia.
Eu profetizo o fim do mundo! ...Entre outras coisas mais.
Eu não acredito em Hitler, em anticoncepcionais ou nessa tal peregrinação da montanha até Maomé.
E a verdade nessas minhas palavras contagia minhas sinopses.
Não escrevo poesia, não toco gaita e não estudo história.
Nunca comi framboesa, nunca fui a um estádio de futebol e não me lembro de ter tido nenhum ataque de asma nos últimos anos.
Não goste de mim.
Eu tenho lepra e sou autista.
Mas como representante de uma espécie quase em extinção eu tenho como dever lembrar ao mundo que ainda estamos sobre ameaça nuclear, que as calotas polares estão derretendo e que a Xuxa já gravou um filme pornô.
Sobre drogas eu diria apenas que é primeiramente conhecer a tese para só assim falar em antítese. Depor a respeito de um assunto que pouco se conhece, é, para mim, colocar palavras onde falta ideias.
Uma vez que tudo está esclarecido, minha nave já vem chegando e eu vou me despedindo. Para todos um abraço e até o armagedon.